Eram quatro irmãs tatibitates e a mãe delas tinha desgosto com esse defeito. Como as queria casar, aconselhava que não falassem diante de gente estranha, dando uma impressão má.
-Quem falar, não casará, ameaçava a velha.
uma vez, saíra a mãe, e as quatro moças estavam em casa quando apareceu um rapaz bem vestido, pedindo um copo dágua para beber.
A mais velha correu para buscar a bilha mas o fez tão estouvadamente que lhe escapou das mãos e espatifou-se no chão.
A moça, não se contendo exclamou:
- Lá si quêbou a tatinha de mamãe!(Lá se quebrou a quartinha da mamãe!).
A segunda:
- Que si quebou, que si quebasse!(Que se quebrou, que se quebrasse!).
A terceira, lembradas das recomendações maternas:
- Mamãe nun dissi que a genti nun fáiásse (Mamãe não disse que a gente não falasse?).
A última, tranqüila pela sua conduta:
- Eu, cumu nun faiêi, cazaêi! (Eu, como não falei, casarei!).
(Dáhlia Freire Cascudo - Natal - Rio Grande do Norte)
Bilha – Vaso bojudo, feito geralmente de cerâmica, de gargalo estreito, com ou sem alça pra conter água; Moringa, quartinha.
Quartinha – O mesmo que bilha.
Tatibitates – Pessoas que falam trocando certas consoantes; Gago, tartamudo.
Fonte: (texto )CASCUDO, Luis da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. Rio de janeiro : Ediouro, 2000. p.249.
Prezada Cláudia:
ResponderExcluirParabéns pela qualidade do seu blog e pelo belíssimo trabalho de divulgação da cultura brasileira através dos seus contos. Fiquei emocionado ao ver o meu avô, Luís da Câmara Cascudo, como fonte de seus trabalhos.
Só uma pequena correção: o nome correto é DÁHLIA FREIRE CASCUDO, que é minha avó.
Um grande abraço
Daliana Cascudo
Obrigada Daliana, por seu comentário fiquei muito feliz, pois é uma honra receber um comentário da neta do Câmara Cascudo. Errei na hora de digitar, já estou corrigindo o nome de sua avó. Foi um prazer muito grande recebê-la em meu blog. Um grande beijo para você e sua família, pois minha admiração por seu avô é imensa.
ResponderExcluirBeijos com carinho.
É muito valioso receber o comentário da neta do grande escritor Câmara Cascudo , considerado o mais importante conhecedor do nosso folclore.
ResponderExcluirParabéns por esse contato , uma honra , um prêmio , ao seu trabalho.
Fico feliz por você e todos os seus amigos
A minha Avó me contava esta historia todos os dias , mais do jeitinho dela mto diferente , hj esse texto estava na prova Brasil da minha escola chorei mto Pois minha vó ja se foi e essa historia me lembra mto ela
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