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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Eu te amo mais que ao sal

montagem de fotos

Há muitos anos atrás existiu um rei e sua rainha e eles tiveram três filhas.
O rei e a rainha a amavam sua filhas com todo o coração, mas um dia a rainha ficou muito, muito doente. Ela foi definhando e morreu. O rei ficou muito triste por perder sua bela rainha, e suas filhas ficaram muito tristes por perderem a mãe.
Mas o rei reuniu as filhas, e disse-lhe:
- Escutem, crianças, sua mãe foi para um outro mundo e algum dia espero encontrar-me com ela outra vez. Mas o principal é que vocês devem ser felizes e entender que devo cuidar de vocês. E algum dia, quando eu morrer, uma de vocês será a rainha deste país.
Os anos se passaram e as três princesinhas cresceram. O rei gostava de caçar e de atirar, ele gostava de tudo; era um bom rei e seu povo, os súditos do pais, o amavam muito. Mas uma noite o rei pensou consigo mesmo: "Os anos estão passando, estou ficando velho e não tenho um filho para suceder-me como rei. Uma de minhas filhas certamente deverá ser uma boa rainha. Mas qual? Qual será a melhor? sei que elas todas são carinhosas, amorosas, e muito boas. Mas terei de testá-las para ver qual é a mais apropriada para reinar depois de mim".
Então o rei, sendo um rei ocupado com todos os seus súditos e as coisas de seu país, não tinha muito tempo para passar com suas princesas. Ele as via todos os dias e jantava com elas e falava com elas, mas nunca teve uma conversa séria com elas. Então uma noite ele disse a seus cortesãos e a todos no palácio que queria ser deixado a sós, porque ele iria passar aquela noite com as filhas. Após o jantar ele chamou as três princesas para se sentarem á sua volta.
- Agora, minhas jovens - disse ele - quero conversar com vocês. Sabem que já faz muito tempo que sua mãe morreu. E tenho feito o melhor, e todo mundo no palácio tem feito o melhor para criá-las e ensiná-las a fazer o que desejamos que sejam - jovens princesas deste reino. Realmente não tivemos uma conversa séria antes, mas hoje desejo saber qual de vocês será a rainha depois que eu morrer!
As princesas ficaram muito aborrecidas! Elas disseram:
- Papai, não desejamos ser rainhas, só queremos que você fique conosco para sempre!
Mas ele disse:
- É impossível ficar aqui para sempre, crianças. Algum dia terei de partir deste mundo. Encontrarei sua mãe num lugar muito distante e vocês ficarão sozinhas. Não quero discussão, disputa entre vocês três... Se pelo menos uma de vocês fosse diferente! Então - ele disse - amar a mim e a meu povo. Esta noite vou dar a vocês uma tarefa: quero que digam o quanto realmente me amam.
E perguntou primeiro à filha mais velha. E ela respondeu:
- Papai, eu amo você mais do que todos os diamantes, pérolas e jóias do mundo.
- Muito bem - disse ele - que ótimo!
então ele perguntou à segunda filha:
- O quanto você me ama?
Ela disse:
Eu o amo mais que todo ouro do mundo, eu o amo mais do que todo dinheiro que existe nesta terra.
Ele disse:
-Muito bem, isso é muito bom!
Chegou a vez da caçula, que era graciosa e bonita e só tinha quinze anos:
- então disse ele - caçulinha, o quanto você me ama?
- Bom, papai - ela respondeu - eu o amo mais do que ao sal.
E o rei ficou muito, muito aborrecido! Ele disse :
- Sua irmã me ama mais do que as jóias e diamantes, e sua outra irmã me ama mais do que todo o ouro deste mundo. Mas você - você me ama mais do que ao sal?! Bem, se é assim que você sente, eu não a amo! E amanhã cedo você vai embora , será banida daqui. eu não quero vê-la nunca mais! Você me desgraçou - a coisa mais baixa da terra é o sal!
O rei ordenou que na manhã seguinte ela fosse embora, encontrar seu próprio caminho no mundo, e nunca regressasse ao palácio. Ele estava tão aborrecido! Então a pobre princesinha ficou muito triste e de coração partido. ela juntou uns poucos pertences... e suas irmãs riram e caçoaram dela. E ela foi mandada embora por ter desgraçado o pai.
A princesa andou, viajou, não tinha para onde ir. Ela viajou e viajou. E chegou a uma grande floresta e encontrou um pequeno caminho. Seguiu o caminho e pensou:
-provavelmente esse caminho me levará a uma pequena aldeia ou a um pequeno povoado onde eu possa encontrar algum lugar para abrigar-me.
Mas o caminho a levou para o meio da floresta, a muitas e muitas milhas do palácio. Ali, ela viu uma pequena cabana. E a princesa pensou: " provavelmente encontrarei abrigo aqui."
Ela aproximou-se da cabana e bateu na porta. E quando a porta se abriu, surgiu uma velha de cabelos brancos compridos e com um vestido todo rasgado. ela disse :
- O que você está fazendo aqui, queridinha?
E a princesa disse:
- Bem, é uma longa história. Estou procurando abrigo para a noite.
- Mas para onde você vai depois? - perguntou a velha.
E a princesinha respondeu:
- Não vou para lugar nenhum. Vou... fui banida pelo meu pai.
- Seu pai? - perguntou a mulher.
- Sim - disse ela - meu pai, o rei!
- Seu pai, o rei... ele a expulsou? - conte-me esta história.
Então a velha acolheu a princesinha na cabana na floresta e deu-lhe algo para comer. E sentou-a perto do fogo. E sentadinha perto do fogo estava um grande gato preto. E o grande gato preto aproximou-se e pôs a cabeça no joelho da mocinha. Ela acariciou-o. Ele ronronou como um gatinho. A velha quando viu isso ficou surpresa e disse:
- sabe, embora as visitas aqui sejam poucas, nunca ninguém que tenha estado aqui foi amigo do meu gato. Por isso, como ele distingue o bem do mal... você é boa! conte-me a sua história.
Então a princesa contou-lhe a história sobre quando sua mãe morreu e ela foi criada pelo pai e passou a vida toda no palácio e então um dia seu pai chamou as filhas... e contou-lhe a história toda que já contei a vocês.
- Que tristeza. Seu pai está precisando de uma lição.
- Mais - ela retrucou- eu não posso voltar. Fui banida do palácio, meu pai nunca mais vai querer ver-me de novo.
A velha respondeu:
- Quem sabe, talvez algum dia ele ficará feliz em ver você!
agora, voltando ao palácio, o rei vivia com suas duas filhas; a terceira tinha ido embora. e naturalmente o rei tinha suas refeições trazidas a ele. Trouxeram-lhe carne de vaca e de carneiro, e o rei adorava sua comida salgada.
Mas um dia, quando uma carne foi colocada na frente do rei, ele provou e de repente gritou:
- Tragam-me sal! - ordenou ao chefe e ao cozinheiro. - tragam-me sal!
eles vieram tremendo:
- Meu senhor , não há sal - eles disseram.
O rei disse:
- Tire isso daqui, não posso comer sem sal! Traga-me outra coisa!
Então trouxeram-lhe coisas doces para comer. E trouxeram coisas doces no dia seguinte, no outro e no outro.
Mas o rei já estava cansado daquilo tudo. Ele disse:
- Tragam-me alguma carne, tragam-me um assado, um porco, algo que eu possa comer! Tragam-me comida, comida gostosa!
Os cozinheiros e os chefes trouxeram-lhe comidas gostosas, mas sem sal. O rei enviou mensageiros, enviou soldados, mandou todo mundo pelo país inteiro... Para as princesas estavam bem, elas adoravam comidas doces. Mas seu pai, o rei, não conseguia, não conseguia um grão de sal em todo o seu reino.
Na pequena cabana na floresta a princesa ficou com a velha, e tornaram-se amigas. ela cozinhava e limpava para a velha, e o gato era seu melhor amigo. A velha amava a princesinha como nunca amara nada na vida. Mas um dia a velha voltou da floresta com uma cesta de ervas, que ela passara uma grande parte do dia a colher. Ela disse a princesa:
- Sabe vou ficar triste amanhã.
E a princesa perguntou:
- Por que, avozinha, você vai ficar triste amanhã?
- Porque você vai deixar-me.
- Mas vovozinha, não quero deixá-la. Não tenho para onde ir.
A velha disse:
- Você precisa voltar para o seu pai.
A princesa retrucou:
- Mas não posso voltar ao palácio, porque meu pai me baniu.
- Já não mais. Olhe, dê-me seu vestido - e a princesa tirou o vestido.
A velha foi ao quarto e voltou em poucos minutos. Mas quando voltou, o vestido da princesa estava cheio de remendos e todo esfarrapado.
- Agora - disse ela à princesa - tire os sapatos.
A princesa tirou os sapatos. E a velha pegou uma tesoura e cortou o cabelo da princesa. A seguir ela foi perto do fogo e juntou um punhado de fuligem. E esfregou as cinzas no rosto da princesa.
- Agora - ela disse - você pode voltar para o seu pai.
- Fui banida, eu não... não posso voltar ao palácio!
- Você deve - disse a velha - porque você vai ser a próxima rainha!
- Eu, a próxima rainha? Uma de minhas irmãs é quem vai ser a próxima rainha; elas amam meu pai como ao ouro, elas amam meu pai como a diamantes.
- Mas - disse a velha - você ama seu pai mais do que ao sal! - e foi à cozinha e tirou uma pequena sacola de pano e encheu-a de sal.
- Agora - disse ela - tome isto e volte ao palácio. Tenho certeza de que será bem-vinda.
Então a princesa sabia que a velha estava falando a verdade, sabia que a velha tinha sido boa para ela. E disse:
- Lembre-se, eu voltarei!
- Volte - disse a velha - quando você for rainha! Vá para o palácio pelo mesmo caminho em que chegou aqui.
A princesa despediu-se da velha. Sabia que ela era uma bruxa. E que tinha destruído cada partícula de sal do país porque a princesa havia lhe contado sua história... e mesmo se alguém tivesse trazido sal de qualquer distância do palácio, o sal desapareceria, porque a velha bruxa havia posto um feitiço no palácio: nenhum sal poderia entrar ali.
A essa altura o rei estava ficando louco, ele não conseguia sentir gosto em nada -daria o seu reinado, por um grão de sal. Então, dois dias depois, quando ele estava clamando por sal e dizia que iria morrer se não comesse sal...chegou uma mendiga descalça no palácio. E o guarda parou-a e perguntou-lhe o que queria.
Ela disse:
- Quero ver o rei.
- Por que você quer ver o rei? - o guarda indagou.
- Bem - disse ela - eu trouxe um presente para o rei.
- O que poderia uma mendiga descalça trazer para o rei?
Ela respondeu:
- eu trouxe uma sacola de sal.
E quando ele ouviu isso, rapidamente - ele não queria perder tempo - levou-a até o rei. E o guarda disse:
- Majestade, eu trouxe alguém para vê-lo.
Ela estava diante do rei, com o cabelo cortado, o rosto sujo de cinzas, descalça. E na mão trazia uma sacola.
O rei disse:
- Quem é essa mendiga esfarrapada que você trouxe aqui?
E os guardas, os cozinheiros, e todos estavam ansiosos; eles disseram:
- Majestade, o senhor não pode imaginar o que essa mendiga trouxe... ela trouxe algo muito especial!
- O que ela poderia trazer-me? - disse o rei.- Nada no mundo eu desejo: tenho ouro, tenho diamantes, tenho tudo...Mas se pelo menos eu pudesse ter um pouco de sal...
- O guarda disse:
- Majestade, a mendiga trouxe-lhe uma sacola de sal.
- Oh, oh -disse o rei - ela trouxe... ela... traga-a aqui!
A princesinha aproximou-se do rei e disse:
- Aqui está...
O rei olhou dentro da sacola, colocou um dedo dentro da sacola e provou.
-Até que enfim - ele disse - Saaaal! A coisa mais maravilhosa do mundo!melhor do que diamantes ou pérolas ou ouro ou qualquer coisa no meu reino! Por fim, posso comer.
Ele dirigiu-se a mendiga, e disse:
- O que você deseja? você me trouxe a coisa mais preciosa deste mundo... O que você quer? Que tipo de recompensa deseja?
Ela voltou-se e disse:
- Pai, não quero nada!
E o rei disse:
- O quê?
Ela disse ao rei:
-Pai, não quero nada. Porque o amo mais do que amo ao sal.
Então o rei soube que a moça era sua filha mais jovem. Ele abraçou-a e beijou-a, e a fez mais do que bem-vinda. Ele descobriu a verdade: o sal era mais importante para ele do que qualquer coisa do mundo. E ela foi acolhida por todos no palácio. Quando o velho rei morreu ela tornou-se rainha e reinou sobre o país por muitos anos, e nunca se esqueceu de sua amiga, a velha da floresta. E assim termina minha história.
NOTA:
Esta rara versão de Cinderela é de Ducan Williamson, o famoso contador de histórias escocês, transcrito por sua mulher, Drª Linda Williamson, de versão oral. De acordo com Ducan, os viajantes não gostavam de bruxas, por isso ele não dá nomes a elas em suas histórias. Aqui ele também descreve a bruxa como uma velha no primeiro encontro. Em várias outras histórias ela apareceu disfarçada em mulher-pássaro ou numa mulher alta ou mágica. há um precedente para isso em outras culturas. Os celtas não davam nomes ás fadas, preferindo referir-se a elas como"gente boa", e as fadas na bretanha eram chamadas "Mére Commere".
Na maioria das variações de baga Yaga e Mãe Holle a heroína descobre que servir à bruxa e cuidar de seus animais traz recompensas, embora essas mulheres conservem sobre si uma áurea misteriosa e ameaçadora. A bruxa-da-floresta desta história é sem dúvida uma "ajudante' . ela poderia ser considerada um modelo anterior da fada-madrinha, tornada famosa por Perrault em suas elegantes histórias de Cinderela. A Fada-Madrinha (Fairly Godmother) parece ter origem no conto italiano Pantamerone, de Giambattista Basile, onde uma fada ajudante emerge de uma árvore. aparentemente, a inserção de "Deus" (God) entre "fada" (fairy) e "mãe" (mother) de alguma forma endossa a aceitação de presentes de uma fonte oculta´- particularmente de uma bruxa, por tanto tempo demonizada pela Igreja. Ou talvez "Deus" (God) seja simplesmente uma corruptela de "bom" (good), em cujo caso a conexão pagã com fadas e a Mãe Deusa" mais uma vez aparece. A figura maternal logicamente é uma parte crucial das muitas variações de cinderela - uma árvore pode crescer de seu túmulo, ou ela pode comunicar-se com a filha e encontrar maneiras de alimentá-la.
Esta versão é muito realista. A princesa abandonada não é magicamente sustentada, mas sim cuidada por uma velha. A transformação da princesa em mendiga suja é um disfarce. A única mágica aqui é a retirada do sal - um estranho milagre da natureza. O sal é significante no contexto dos contos de fadas, uma vez que é um talismã contra bruxarias. Foi usado para proteger bebês contra demônios, bruxas-ladras e outros espíritos, nenhum dos quais come sal. Na teoria alquimista o sal é a terceira principal substância, depois do enxofre e do mercúrio. acredita-se que ele estabiliza e assenta as outras no chão. A perda e restituição do sal nesta história certamente assenta o pomposo velho rei de volta à terra!
(Tell me a story for Christmas, Ducan Williamson, Edinburgo, Canongate Publishing, 1987,p.80).
Fonte: O Livro das bruxas. Compilado por Shahrukh Husain.--\Rio de Janeiro : Objetiva, 1995.
p. 33-40.

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O porco disse:
- Desculpe-me Senhor Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar.
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(Fonte: catequistasheila)