CONTOS, CANTOS E ENCANTOS (HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS E ADULTO), ESPAÇO ONDE COMPARTILHAREI NARRATIVAS, INDICAÇÕES DE LIVROS E EVENTOS. "VAMOS INCENTIVAR O HÁBITO DE LEITURA!"


AMO MEU BLOGUINHO

Que bom que você veio! Deixe seu recadinho.Bjos





sábado, 29 de agosto de 2009

Programa ABZ do Ziraldo

Oiii!!!! Estou super feliz, participei da gravação contando e cantando a história do Bumba-meu-boi no programa ABZ do Ziraldo que irá ser exibido na TV Brasil em Fevereiro de 2010. Não pude tirar foto contando a história, pois era proibido, tirei algumas no intervalo.
Aqui eu estava aguardando na sala da produção

Antes de entrar em cena

E finalmente eu com o Ziraldo, foi o máximo, adoreiiiiii!!!!!!!

E para todos que torcem por mim:

MUITOS

imagens para octopop

CLAUDIA GOMES

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os Compadres Corcundas

Disse que era uma vez dois corcundas, compadres, um rico e outro pobre. O povo do lugar vivia mangando do corcunda pobre e não reparava no rico. O pobre andava triste, e de mais a mais o tempo estava cruel, e ele era caçador.
Numa feita, esperando uns veados, já tardinha, adormeceu no girau e acordou noite alta. Ficou sem querer voltar para casa. Ia se acomodado para pegar no sono de novo quando ouviu uma cantiga ao longe, como se muita gente cantasse ao mesmo tempo.
"Deve ser alguma desmancha de farinha aqui por perto. Vou ajudar!"
Desceu da árvore e botou-se no caminho, andando, andando, no rumo da cantiga que não descontinuava. Andou, andou, até que, chegando perto de um serrote, onde havia uma laje limpa, muito grande e branca, viu uma roda de gente esquisita, vestida de diamantes que espelhavam ao luar. Velhos, rapazes e meninos, todos cantavam e dançavam de mãos dadas, o mesmo verso, sem mudar.
Segunda, terça-feira, Vai, vem!
Segunda, terça-feira, vai, vem!
O caçador ficou tremendo de medo. As pernas nem deixavam ele andar. Escondeu-se numa moita de mofundos e assistiu sem querer àquela cantoria que era sempre ti mesma, horas e horas. Com o tempo, foi-se animando, ficando mais calmo e, sendo metido a improvisador e batedor de viola, cantou, na toada que o povo esquisito estava rodando.
Segunda, terça-feira, Vai, vem!
E quarta e quinta-feira, Meu bem!
Calou-se tudo imediatamente e aquele povo espalhou-se como ribaçã procurando, procurando. Acharam o corcunda e o levaram para o meio da laje como formiga carrega barata morta. Largaram ele e um velhão, brilhando como um sacrário, perguntou, com uma voz delicada:
-Foi você quem cantou o verso novo da cantiga?
O caçador cobrou coragem e respondeu:
-Fui eu, sim senhor! O velhão disse:
-Quer vender o verso?
-Quero sim, senhor. Não vendo, mas dou o verso de presente porque gostei do baile animado.
O velho achou graça, e todo aquele povo esquisito riu também.
-Pois bem -disse o velhão -, uma mão lava a outra.
Em troca do verso eu te tiro essa corcunda, e esse povo te dá um bisaco novo!
Passou a mão nas costas do caçador, e este tornou-se esbelto como um rapaz, sem corcunda nem nada.
Trouxeram um bisaco novo e recomendaram que só abrisse quando o sol nascesse. O caçador meteu-se na estrada, andando, andando e assim que o sol nasceu abriu o bisaco e o encontrou cheio de pedras preciosas..e moedas de ouro.
Só faltou morrer de contente.
No outro dia comprou uma casa, com todos os preparos, mobília, vestiu roupa bonita e foi para a missa, porque era domingo. Lá na igreja encontrou o compadre rico, também corcunda. Este quase cai de costas, assombrado com a mudança. Perguntou muito e mais espantado ficou reparando no traje do compadre, e ao saber que ele tinha casa e cavalo gordo e se considerava rico.
O pobre contou tudo; e, como a medida do ter nunca se enche, o rico resolveu arranjar ainda mais dinheiro e livrar-se da corcunda nas costas. Esperou uns dias pensando no que ia fazer e largou-se para o mato no dia azado. Tanto fez que ouviu a cantiga e botou-se na direção da toada. Achou o povo esquisito dançando de roda e cantando:
Segunda, terça-feira, Vai, vem!
Quarta e quinta-feira, Meu bem!
O rico não se conteve. Abriu o par de queixos e logo berrando:
Sexta, sábado e domingo! Também!
Calou-se tudo novamente.
O povo esquisito voou para cima do atrevido e o levaram para a laje onde estava o velhão.
Esse gritou, furioso:
-Quem lhe mandou meter-se onde não é chamado, seu corcunda besta?
Você não sabe que gente encantada não quer saber de sexta-feira, dia em que morreu o Filho do Alto;
sábado, dia em que morreu o Filho do Pecado, e domingo, dia em que ressuscitou quem nunca morre? Não sabia? ; Pois fique sabendo!
E para que não se esqueça da lição, leve a corcunda que deixaram aqui e suma-se da minha vista senão acabo com seu couro!
E quando falava os outros iam dando empurrão, tapona e beliscão no rico.
O velho passou a mão no peito do corcunda e deixou ali a outra, aquela de que o compadre pobre se livrara.
Depois deram uma carreira no homem, deixando-o longe, e todo arranhado, machucado, roxo de bofetadas e pontapés.
E assim viveu o resto de sua vida, rico, mas com duas corcundas, uma adiante e outra atrás, para não ser ambicioso.
Contado por João Monteiro, em Natal, Rio Grande do Norte.
(Fonte: CASCUDO, Câmara. Contos tradicionais do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.349 ps.)

sábado, 22 de agosto de 2009

Algumas lendas, mitos e contos folclóricos do Brasil:

Boitatá - Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como "fogo que corre".
Boto - Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto.
Curupira - Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.
Lobisomem - Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.
Mãe-D'água - Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d'água : a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.
Corpo-seco - É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em
vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.
Pisadeira - É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.
Mula-sem-cabeça - Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.
Mãe-de-ouro - Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.
Saci-Pererê - O saci-pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.

Enrico de prata

Linda história vale a pena conferir no Livro pois possui uma belíssima ilustração.
HÁ MUITO, MUITO TEMPO, NUM LUGAR MUITO, MUITO DISTANTE, VIVIA UM RICO MERCADOR CHAMADO ENRICO DE PRATA.

ENRICO ERA, DE LONGE, O HOMEM MAIS RICO DE SEU PAÍS. TINHA TUDO QUE O DINHEIRO PODIA COMPRAR. MAS HAVIA UM PEQUENO PROBLEMINHA. POR MAIS DINHEIRO QUE ENRICO DE PRATA TIVESSE, ELE NÃO ERA FELIZ. POR MAIS QUE POSSUÍSSE GRANDES CASTELOS, CAVALOS VELOZES OU CARRUAGENS ELEGANTES, ELE CONTINUAVA SENDO UM VELHO AZEDO E ENJOADO.

UM DIA, QUANDO ENRICO NÃO AGÜENTAVA SER INFELIZ POR NEM MAIS UM SEGUNDO SEQUER, ELE BRADOU:
– JÁ CHEGA! NÃO AGÜENTO MAIS ISSO!
VEJA SÓ, BEM LÁ NO FUNDO, ENRICO ERA BOA GENTE. MAS FELICIDADE ERA UM ABSOLUTO MISTÉRIO PARA ELE, E SABIA QUE PRECISAVA TOMAR UMA ATITUDE A RESPEITO.
ENTÃO, DECIDIU PROCURAR OS MELHORES MÉDICOS QUE O SEU DINHEIRO PUDESSE PAGAR. TODO DIA, ENTRAVA NUMA DE SUAS CARRUAGENS ELEGANTES E, TODO DIA, VOLTAVA SEM UMA RESPOSTA. LOGO SE TORNOU EVIDENTE QUE NENHUM MÉDICO PODERIA RESOLVER SEU PROBLEMA.

FATO NÚMERO 1: SÓ PORQUE ALGO É CARO, NÃO SIGNIFICA QUE TENHA VALOR
O MOTORISTA DE ENRICO, QUE PERCEBIA O QUÃO INFELIZ ESTAVA SEU CHEFE, DECIDIU ENTÃO LHE FALAR A RESPEITO DE UM VELHO SÁBIO QUE VIVIA MUITO LONGE, NA CIDADE ANTIGA.
– OUVI DIZER QUE ELE TEM RESPOSTA PARA TUDO. TALVEZ SAIBA COMO AJUDÁ-LO, SENHOR.
– QUANDO QUISER A SUA OPINIÃO, EU A COMPRO DE VOCÊ - RESPONDEU ENRICO.
É CLARO QUE O MOTORISTA NEM FICOU OFENDIDO, POIS ELE (ASSIM COMO TODO MUNDO) JÁ SE ACOSTUMARA COM O JEITO DIFÍCIL DE ENRICO, QUE NUNCA SE DAVA POR SATISFEITO.

FATO NÚMERO 2: GENTE INFELIZ GOSTA QUANDO TODO MUNDO AO SEU REDOR FICA FELIZ
DE QUALQUER FOREM, ENRICO ESTAVA TÃO DESESPERADO QUE, SEM PEDIR DESCULPAS PELA GROSSERIA, MANDOU SEU MOTORISTA LEVÁ-LO IMEDIATAMENTE AO VELHO SÁBIO.
ELE SUBIU EM SUA CARRUAGEM MAIS LUXUOSA, COM SEUS CAVALOS MAIS VELOZES, LEVANDO SEUS MAIORES SANDUÍCHES, E FOI AO ENCONTRO DO VELHO SÁBIO QUE VIVIA MUITO LONGE.
DEPOIS DE DEZ LONGOS DIAS E NOVE LONGAS NOITES, ENRICO DE PRATA CHEGOU À CIDADE ANTIGA.
HAVIA MUITAS COISAS BONITAS PARA SE VER, MAS ENRICO NÃO DAVA BOLA.
ESTAVA OCUPADO DEMAIS TENDO PENA DE SI PRÓPRIO, JÁ QUE HAVIA COMIDO TODOS OS SEUS SANDUÍCHES E SUA BARRIGA ESTAVA RONCANDO.
ELES PASSARAM POR PRÉDIOS GRANDIOSOS, E MUITAS CATEDRAIS, MAS ENRICO FICOU DESAPONTADO AO VER QUE SEU MOTORISTA NÃO PARAVA EM NENHUM DELES.
ENFIM, QUANDO ENRICO ACHAVA QUE IA DESMAIAR DE FOME, A CARRUAGEM PAROU Á FRENTE DE UMA SIMPLES E PEQUENA CABANA.
– QUE LUGAR É ESSE? - GRITOU ENRICO DE PRATA PARA SEU MOTORISTA. - ESTE É O ENDEREÇO QUE ME DERAM, SENHOR.
– NÃO PARECE SER A CASA DE UM HOMEM IMPORTANTE – DISSE ENRICO.
– DESCE E VAI LÁ VER. ASSIM FEZ O SEU MOTORISTA E, COMO PREVISTO, ELES HAVIAM ACHADO A CASA CERTA.
ENRICO DE PRATA SALTOU DA CARRUAGEM, OLHOU PARA OS LADOS PARA TER CERTEZA DE QUE NINGUÉM O ESTAVA OBSERVANDO, E BATEU À PORTA. A PORTA SE ABRIU E LÁ ESTAVA UM VELHO BAIXINHO, CUJA BARBA QUASE CHEGAVA AO CHÃO.
ENRICO SE APRESENTOU, E QUANDO DISSE AO VELHO QUE VIERA DE MUITO LONGE PARA VÊ-LO, FOI CONVIDADO A ALMOÇAR E A EXPLICAR SEU PROBLEMA.
– BOM. ESTOU COM MUITA FOME. PODIA COMER UM BOI – DISSE ENRICO, QUE ESTAVA ACOSTUMADO A SER SERVIDO.
– NÓS NÃO VAMOS COMER UM BOI - DISSE O SÁBIO, COM UM LEVE SORRISO. - MAS MINHA MULHER É ÓTIMA COZINHEIRA. VENHA Á COZINHA E COMA CONOSCO.
ENTÃO ELES SE SENTARAM NUMA MESINHA, E ENRICO COMEU COMO SE PASSASSE FOME HÁ SEMANAS.
A SITUAÇÃO ESTÁ PÉSSIMA – EXPLICOU ENRICO, QUANDO TERMINOU UM DELICIOSO PRATO DE ESPAGUETE.
PASSEI A VIDA TODA ACUMULANDO UMA FORTUNA PARA PODER SER FELIZ. AGORA TENHO TODO O DINHEIRO QUE UM HOMEM PODE QUERER, MAS AINDA ASSIM NÃO SOU FELIZ.
O VELHO NÃO FICOU NEM UM POUCO SURPRESO. ELE CHEGOU PERTO DE ENRICO E DISSE:
– HÁ UM SEGREDO MUITO IMPORTANTE QUE DEVEMOS APRENDER NESTA VIDA, MAS É MUITO DIFÍCIL DE PERCEBER, E AINDA MAIS DIFÍCIL DE OUVIR A RESPEITO, ENTÃO A MAIORIA DAS PESSOAS DEIXA PASSAR.
– QUE SEGREDO É ESSE? - PERGUNTOU ANSIOSO ENRICO.
– - O SEGREDO… - DISSE O SÁBIO, DANDO UMA BREVE PAUSA ENQUANTO ENRICO SE AJEITAVA NA CADEIRA E AGUÇAVA OS OUVIDOS. - O SEGREDO É O SEGUINTE: SE VOCÊ PARTILHA O QUE POSSUI E PENSA NOS OUTROS ANTES DE PENSAR EM SI MESMO, VOCÊ VAI ENCONTRAR A FELICIDADE.
– ENRICO DE PRATA ESTAVA CHOCADO.
– É SO ISSO? - INDAGOU.
– É TUDO ISSO – RESPONDEU O VELHO.
ENRICO NUNCA OUVIRA FALAR SOBRE PARTILHAR E PENSAR NOS OUTROS PRIMEIRO. A VIDA INTEIRA, ESCUTARA QUE PARA SER RICO E BEM-SUCEDIDO TERIA PRIMEIRO. A VIDA INTEIRA TERIA DE PENSAR EM UMA ÚNICA COISA: EM SI PRÓPRIO! ELE COÇOU A CABEÇA E FRANZIU AS SOBRANCELHAS. ISSO NÃO PODIA ESTAR CERTO. O VELHO SÓ PODIA SER UM CHARLATÃO. UM IMPOSTOR. UM EMBUSTEIRO! ENRICO QUIS SAIR DE LÁ IMEDIATAMENTE.
– O SENHOR DEVE SER UM HOMEM MUITO OCUPADO. NÃO VOU MAIS TOMAR O SEU TEMPO – DISSE ENRICO, FINGINDO SER EDUCADO.
– COMO QUISER – DISSE O VELHO, SORRINDO. - ESPERO QUE ENCONTRE O QUE ESTÁ PROCURANDO.
– OBRIGADO – GRUNHIU ENRICO, QUE SAIU A PASSOS RÁPIDOS E BATEU A PORTA ATRÁS DE SI.

– FATO NÚMERO 3: QUANDO VOCÊ DIZ A VERDADE, AS PESSOAS COSTUMAM BATER A PORTA NA SUA CARA.
– ENRICO FICOU PARADO NA RUA POR ALGUNS MINUTOS, SEM SABER O QUE FAZER. A SITUAÇÃO PARECIA NÃO TER MAIS JEITO. VIERA DE LONGE PARA ENCONTRAR UM VELHO SÁBIO QUE, NO FIM DAS CONTAS, ERA DOIDO DE PEDRA.
– ENRICO DECIDIU QUE NÃO QUERIA CONVERSAR COM NINGUÉM POR UM TEMPO, NEM MESMO COM SEU MOTORISTA. ELE CHECOU SE SUA GORDA BOLSA, CHEIA DE DINHEIRO, CONTINUAVA EM SEU PODER E FALOU AO MOTORISTA PARA ESPERAR.
– QUERIA DAR UMA ESPIADA.
– QUERIA PENSAR.
– CAMINHOU POR HORAS E HORAS NA CIDADE ANTIGA. À CERTA ALTURA, PASSOU POR UM HOMEM QUE TENTAVA TROCAR A RODA DA CARROÇA DELE. O HOMEM OLHOU PARA ELE E SEUS OLHOS SE CRUZARAM. ENRICO FICOU SEM GRAÇA. PARECIA QUE O HOMEM ESTAVA TRABALHANDO HÁ HORAS E FICOU CLARO QUE PRECISAVA DE AJUDA, MAS ERA UM TRABALHO DURO E COMPLICADO. ALÉM DISSO, NINGUÉM MAIS HAVIA PARADO PARA AJUDAR. ENTÃO, POR QUE ENRICO IRIA FAZÊ-LO? ELE CONTINUOU A SUA CAMINHADA E VOLTOU A PENSAR SOBRE SI MESMO E COMO FARIA PARA ENCONTRAR A FELICIDADE.
– O TEMPO PASSOU, E ENRICO FINALMENTE SE DEU CONTA DE QUE ESTAVA ESCURECENDO E NÃO HAVIA MAIS NINGUÉM NAS RUAS. ELE NÃO SABIA ONDE ESTAVA, NEM COMO FARIA PARA ACHAR SUA CARRUAGEM E O MOTORISTA.
– ENTÃO, DOIS HOMENS SALTARAM DA ESCURIDÃO. UM DELES USAVA UM TAPA-OLHO E CAMINHAVA COM UMA BENGALA. O OUTRO ERA BAIXO E NÃO TINHA DENTES. ELES GRITARAM PARA ENRICO:
– POR FAVOR, NOS AJUDE, SENHOR. ESTAMOS EM DIFICULDADES. O SENHOR PODERIA NOS DAR UM TROCADO?
– É CLARO QUE NÃO – DISSE ENRICO, TORCENDO O NARIZ. - SE VOCÊS PRECISAM DE DINHEIRO, QUE TRABALHEM. - COM ISSO, ENRICO SE VIROU PARA SAIR DALI.
DE REPENTE, OS DOIS HOMENS RESMUNGARAM ALGO E FRANZIRAM OS OLHOS. O BAIXINHO TINHA UMA VOZ AMEAÇADORA:
– DEVE HAVER UM ENGANO, DOUTOR. NÃO ESTAMOS PEDINDO O SEU DINHEIRO. VAMOS PEGAR TUDO.
– O HOMEM COM O TAPA-OLHO COMEÇOU A BRANDIR SUA BENGALA E A GRITAR PARA ENRICO.
– - VAMOS LEVAR SUAS ROUPAS TAMBÉM, SENHOR BACANA. E SEJA RÁPIDO.
ENRICO NUNCA FORA AMEAÇADO ANTES. PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, ELE SENTIU MEDO. RAPIDAMENTE, LHES DEU O QUE QUERIAM, E OS DOIS HOMENS CORRERAM NOITE ADENTRO, SATISFEITOS COM UM TRABALHO BEM-FEITO.
ENRICO FICOU SÓ, DE CUECA E MEIAS, NUMA RUA ESCURA E VAZIA. ELE PODIA SENTIR AS LÁGRIMAS ESCORRENDO POR SEU ROSTO.
– - E AGORA? EU ME METI NUMA CONFUSÃO – MURMUROU PARA SI MESMO.

– FATO NÚMERO 4: PESSOAS INFELIZES SEMPRE ATRAEM MAIS INFELICIDADE.
– DE REPENTE, ELE OUVIU O BARULHO DE UMA CARROÇA DESCENDO A RUA.
– - SOCORRO! SOCORRO! - GRITOU ENRICO, ENQUANTO CORRIA PARA TENTAR FAZER A CARROÇA PARAR.
– - O QUE O SENHOR ESTÁ FAZENDO SEM ROUPAS NO MEIO DA RUA? - PERGUNTOU O HOMEM SIMPLES QUE DIRIGIA A CARROÇA.
– - FUI ROUBADO. DOIS LADRÕES APARECERAM E BATERAM EM MIM. ELES LEVARAM TUDO. POR FAVOR, ME AJUDE – GRITOU ENRICO, SENTINDO-SE TERRIVELMENTE HUMILHADO.
– - O SENHOR ME AJUDOU QUANDO EU PRECISAVA? - PERGUNTOU O HOMEM. ENTÃO ENRICO SE DEU CONTA DE QUE ERA O MESMO HOMEM QUE PRECISARA DE AJUDA PARA TROCAR A RODA DA CARROÇA, O MESMO HOMEM QUE ENRICO IGNORARA.
– - PEÇO MIL DESCULPAS – DISSE ENRICO, ARREPENDIDO DE NÃO TÊ-LO AJUDADO QUANDO TEVE CHANCE. ENRICO FICOU LÁ, PARADO, DE CUECAS, CHORAMINGANDO.
– - PARA ONDE O SENHOR ESTÁ INDO? - PERGUNTOU O HOMEM.
– QUERO IR SOARA GRANA PRETA, O MEU CASTELO – RESPONDEU ENRICO. - FICA AO PÉ DAS MONTANHAS TUTUABEÇA.
HOUVE UMA LONGA PAUSA. O CASTELO DE ENRICO ERA MUITO LONGE, E ELE TINHA CERTEZA DE QUE O HOMEM NÃO IRIA AJUDÁ-LO. ELE SE SENTIA INDEFESO E PERDIDO.
– - NA VERDADE, VOU PASSAR PELAS MONTANHAS TUTUABEÇA, E O LEVO ATÉ LÁ. MAS O SENHOR TERÁ DE TRABALHAR PARA MIM ATÉ CHEGARMOS – DISSE O HOMEM DA CARROÇA.
– - EU, TRABALHAR PARA VOCÊ? - EXCLAMOU ENRICO DE PRATA, BRANDINDO OS BRAÇOS COM RAIVA. SEM CHANCE. SOU O MERCADOR MAIS RICO DA REGIÃO. EU NÃO TRABALHO PRA NINGUÉM.
– - TODO O DINHEIRO DO MUNDO NÃO VAI LHE AJUDAR AGORA. BOA SORTE- DISSE O HOMEM, QUE COMEÇOU A SE AFASTAR.
– ENRICO ENTROU EM PÂNICO. SABIA QUE NÃO HAVIA OUTRA ESCOLHA.
– - POR FAVOR, VOLTE AQUI. DESCULPE SE O OFENDI. É CLARO QUE VOU TRABALHAR PARA VOCÊ.
– - BEM, ENTÃO SUBA – DISSE O HOMEM. - E NADA DE FICAR RECLAMANDO.
– - SEM RECLAMAR – REPETIU ENRICO, LUTANDO PARA SUBIR A BORDO COM SUAS MEIAS.
– - MEU NOME É FORFILLA – ANUNCIOU O HOMEM, ENQUANTO FAZIA O CAVALO ANDAR. , AS QUERO QUE ME CHAME DE SR. FORFILLA.
– - EU SOU ENRICO DE PRATA, MUITO HONRADO EM CONHECÊ-LO, SR. FORFILLA – DISSE ENRICO, ENXUGANDO AS LÁGRIMAS DOS OLHOS.
– - PONHA ISSO. O SENHOR ESTÁ RIDÍCULO – DISSE O SR. FORFILLA, ESTENDENDO UM COBERTOR QUENTE PARA ENRICO SE COBRIR.
QUANDO CHEGARAM À PERIFERIA DA CIDADE, ELES PARARAM NA FRENTE DE UMA PEQUENA LOJA. O SR. FORFILLA PEDIU A ENRICO QUE PEGASSE UMA ESCRIVANINHA DE MADEIRA EM SUA CARROÇA E A ENTREGASSE AO HOMEM QUE TRABALHAVA LÁ.
ENRICO SE SENTIU MEIO RIDÍCULO, POIS ESTAVA VESTIDO APENAS UM COBERTOR. MAS LEMBROU-SE DE SUA PROMESSA E FEZ O QUE LHE FOI PEDIDO.
ERA UMA ESCRIVANINHA PESADA. ENRICO PENOU PARA TIRÁ-LA SOZINHO DA CARROÇA E CARREGÁ-LA PORTA ADENTRO. ERA UM TRABALHO DIFÍCIL, E ENRICO ESTAVA TODO SUADO QUANDO RETORNOU Á CARROÇA.
AO SE PREPARAREM PARA CONTINUAR A JORNADA, M HOMEM BAIXINHO SAIU CORRENDO DA LOJA, BEIJOU A MÃO DO SR. FORFILLA E ENTÃO LHE DEU UM BELO PAR DE BOTAS.
QUANDO O HOMEM VOLTOU PARA DENTRO, O SR. FORFILLA SE VOLTOU PARA ENRICO E DISSE:
– CALCE ISSO. O SENHOR NÃO PODE EXECUTAR TAREFAS PARA MIM USANDO APENAS MEIAS.
– - ESTAS SÃO AS MELHORES BOTAS QUE JÁ VI - DISSE ENRICO, SENTINDO-SE AGRADECIDO PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA.
CALÇOU AS BOTAS, E ELAS ERAM DO TAMANHO CERTO. ELE SE AGASALHOU COM O COBERTOR, E OS DOIS CONTINUARAM A JORNADA.
ENRICO ESTAVA MUITO CANSADO E, EM QUESTÃO DE MINUTOS, ADORMECEU.
QUANDO ACORDOU, JÁ ERA DE MANHÃ. O SOL BRILHAVA, OS PÁSSAROS CANTAVAM, MAS A CARROÇA NÃO SE MOVIA.
O SR. FORFILLA ESTAVA TERMINANDO SEU CAFÉ-DA-MANHÃ. ELE OLHOU PARA ENRICO E DISSE:
– ACORDOU ANIMADO, SR DE PRATA? O SENHOR VAI ACHAR UMA VELHA CADEIRA NO FUNDO DA CARROÇA. QUERO QUE A ENTREGUE AO HOMEM QUE TRABALHA NAQUELA LOJA LOGO ALI.
ENRICO NÃO GOSTOU DE TER QUE TRABALHAR ANTES DO CAFÉ, MAS HAVIA FEITO UMA PROMESSA AO SR. FORFILLA E QUERIA CHEGAR EM CASA. ENTÃO DESCEU COM SUAS BOTAS NOVAS E SEU COBERTOR ENROLADO E PEGOU A CADEIRA NO FUNDO DA CARROÇA. À LUZ DO DIA, REPAROU QUE NÃO ERA UMA CADEIRA COMUM. ERA UMA DAS MELHORES CADEIRAS QUE O DINHEIRO PODIA COMPRAR, E HAVIA SIDO FEITA COM INACREDITÁVEL AMOR E CUIDADO.
– ISTO DEVE VALER UMA FORTUNA – EXCLAMOU ENRICO.
– O SR. FORFILLA LHE DISSE PARA FICAR QUIETO E CONTINUAR O SEU TRABALHO.
ENRICO CARREGOU A CADEIRA ATÉ A PEQUENA LOJA. LOGO CONCLUI QUE ERA UMA ALFAIATARIA, AO SE VER RODEADO DE TECIDOS E MÁQUINAS. LÁ, ATRÁS DE UMA MESA, SENTADO NUMA CADEIRA MUITO DESCONFORTÁVEL, ESTAVA UM HOMEM BEM VELHINHO.
– COLOQUE ALI - DISSE O SR. FORFILLA, QUE HAVIA ENTRADO ATRÁS DE ENRICO.
– OBRIGADO. O SR. É UM ANJO - DISSE O ALFAIATE AO SR. FORFILLA. - MINHAS COSTAS DOLORIDAS VÃO GOSTAR DESTE BELO PRESENTE. - ENTÃO O HOMEM SE AGACHOU SOB SUA MESA E TIROU DOIS CASACOS MUITO BEM DOBRADOS. -
– POR FAVOR, ACEITE. VÃO MANTER O SENOR E O SEU AMIGO AQUECIDOS NUMA NOITE FRIA.
– O ALFAIATE LHES ENTREGOU OS CASACOS MAGNÍFICOS, QUE ERAM FEITOS DA MELHOR COURO E COSTURADOS COM O MAIOR CUIDADO.
– ENRICO DE PRATA FICOU SEM FALA. ERA O MAIS BELO PRESENTE QUE JÁ GANHARA.
– OS PRÓXIMOS DEZ DIAS SE SEGUIRAM DA MESMA FORMA. O SR.FORFILLA APARECIA COM UM MONTE DE COISAS DO FUNDO DE SUA CARROÇA(MARTELOS, QUADROS, LENÇÓIS E UM INFINITO SUPRIMENTO DE MÓVEIS E ROUPAS), E ENRICO AS CARREGAVA PARA DENTRO DAS CASAS E LOJAS DE OUTRAS PESSOAS.
ELE NUNCA HAVIA TRABALHADO TANTO NA VIDA. NUNCA HAVIA VISTO TANTA GENTE SORRIR. ESTAVA COMEÇANDO A SE SENTIR BEM CONSIGO MESMO.

FATO NÚMERO 5:
SORRIR E CONTAGIOSO.
TODA VEZ QUE ENRICO ENTREGAVA ALGUMA COISA A ALGUÉM, GANHAVA DE VOLTA UMA OUTRA IGUALMENTE ÚTIL. E AO FIM DE CADA DIA, UM DESCONHECIDO BONDOSO OFERECIA A ELE E AO SR. FORFILLA UMA REFEIÇÃO E UMA CAMA QUENTE PARA DORMIREM.
ÁS VEZES HAVIA MÚSICA, E ELES CANTAVAM E DANÇAVAM.
ENRICO ESTAVA DORMINDO MELHOR DO QUE NUNCA EM SUA VIDA.
QUANDO ESTAVAM QUASE CHEGANDO AO SEU DESTINO, ENRICO SE VIROU PARA O SR.FORFILLA E DISSE:
– SUA VIDA É EXTREMAMENTE SIMPLES, E AINDA ASSIM PODE-SE VER QUE É UMA VIDA FELIZ. COMO PODE SER?
O ROSTO DO SR.FORFILLA SE ILUMINOU, E SEUS OLHOS BRILHARAM COMO SE HOUVESSE UM MONTE DE VELAS ESCONDIDAS.
– SOU FELIZ PORQUE CONHEÇO UM SEGREDO – RESPONDEU ELE.
– E QIE SEGREDO É ESSE? - PERGUNTOU ENRICO.
– NA VERDADE, É BEM SIMPLES – RESPONDEU O SR.FORFILLA. - SE VOCÊ PARTILHA O QUE POSSUI E PENSA NOS OUTROS ANTES DE PENSA EM SI MESMO, VOCÊ VAI ENCONTRAR A FELICIDADE.
ENRICO FICOU SURPRESO E SILENCIOSO, POIS ERA EXATAMENTE O QUE O VELHINHO DA CIDADE ANTIGA LHE DISSERA. MAS CONTINUAVA CONFUSO. ELES ESTAVAM RODANDO POR HORAS NO MEIO DE UMA FLORESTA, E ENRICO DECIDIU PEGAR AS RÉDEAS POR UM TEMPO, PARA QUE O SR. FORFILLA PUDESSE DESCANSAR.
ELE SE AGASALHOU COM O CASACO DE QUE TANTO GOSTAVA E, ENQUANTO O SR. FORFILLA DORMIA, PENSAVA COMO ERA AFORTUNADO POR TER ESTE BELO E QUENTE CASACO NUMA NOITE TÃO FRIA.
LEMBRO-SE DE COMO AS PESSOAS HAVIAM SIDO GENTIS. PERCEBEU QUE POR MAIS DE UMA SEMANA NÃO PENSAVA SOBRE A QUANTIDADE DE DINHEIRO QUE POSSUÍA. PERCEBEU QUE ESTAVA FELIZ.
QUANDO ALCANÇARAM OS LIMITES DA FLORESTA, PASSARAM POR UM MENDIGO TRÊMULO E DESCALÇO, QUE NÃO TINHA UM CASACO OU BOTAS PARA SE AQUECER. ENRICO TEVE PENA, MAS CONTINUOU EM FRENTE.
NO MEIO DA ESTRADA, PORÉM ELE PARAOU DE RENTE. FINALMENTE, HAVIA ENTENDIDO O QUE TODO MUNDO VINHA LHE DIZENDO. ELE TINHA ALI A OPORTUNIDADE DE ATENDER ÀS NECESSIDADES DE OUTRA PESSOA ANTES DAS SUAS.
ELE DESCEU DA CARROÇA E CORREU DE VOLTA PARA O MENDIGO. DEU A ELE SEU CASCO E SUAS BOTAS, ALÉM DE UM GRANDE ABRAÇO E UM BEIJO.
– POR FAVOR, ACEITE! ISSO ME FARÁ EXTREMAMENTE FELIZ – EXCLAMOU.
ANTES QUE O MENTIGO PUDESSE DIZER OBRIGADO, ENRICO CORREU DE VOLTA PARA A CARROÇA.
QUANDO O SOL ESTAVA NASCENDO. O SR. FORFILLA ACORDOU E VIU QUE ENRICO TINHA O VELHO CORBERTOR ENROLADO EM SEU CORPO E NADA ALÉM DE UM PAR DE MEIAS NOS PÉS.
– O QUE ACONTECEU COM SUAS ROUPAS? - PERGUNTOU.
ENRICO NÃO DISSE NADA, APENAS SE VIROU PARA O SR.FORFILLA E SORRIU PELA PRIMEIRA VEZ DESDE QUE DEIXOU DE SER CRIANÇA. SEU ROSTO S ILUMINOU E SEUS OLHOS BRILHAVAM COMO SE HOUVESSE UM MONTE DE VELAS ESCONDIDAS POR TRÁS DELES. O SR. FORFILLA SABIA EXATAMENTE O QUE HAVIA ACONTECIDO.
– NÓS ESTAMOS AGORA AOS PÉS DAS MONTANHAS TUTUABEÇA E POSSO VER SEU CASTELO DAQUI – DISSE O SR.FORFILLA.
– COMO O SENHOR SABE QUE AQUELE É MEU CASTELO? - PERGUNTOU ENRICO.
– PORQUE ERA MEU, ANTES DE O SENHOR COMPRÁ-LO – RESPONDEU O SR. FORFILLA. - JÁ FUI UM HOMEM MUITO RICO, E VIVIAS SOZINHO NAQUELE GRANDE CASTELO. MAS NÃO ERA FELIZ, ATÉ QUE DESCI DO MEU PEDESTAL E PARTILHEI O QUE EU TINHA COM OS OUTROS.
– ENRICO ESTAVA CHOCADO. ELE COMEÇAVA A VER AS COISAS COMO ELAS ERAM.
– ENTÃO É POR ISSO QUE O SENHO TINHA TODAS AQUELAS CADEIRAS LUXUOSAS! - EXCLAMOU.
– VEJO QUE É BEM ESPERTO PARA ALGUÉM COM UM NOME TÃO BOBO – DISSE O SR. FORFILLA.
– ENRICO OLHOU PARA O ALTO E RIU. ELE SABIA QUE HAVIA APRENDIDO UM SEGREDO MUITO IMPORTANTE SOBRE A FELICIDADE.
– LOGO CHEGARAM AO GRANAPRETA, E ENRICO PULOU DA CARROÇA.
– VENHA PARA DENTRO E EU LHE FAREI UM SANDUÍCHE – OFERECEU ENRICO.
– E OLHA QUE EU VOU MEMO – ACEITOU O SR.FORFILLA.
E OS DOIS AMIGOS ENTRARAM NO CASTELO.

FATO NÚMERO 6: QUANDO SE APRENDE A PARTILHAR, VOCÊ NÃO ENCONTRA SÓ FELICIDADE. ENCONTRA TAMBÉM UM AMIGO.

Fonte: Madona. Enrico de prata.–1ª ed.–Riode janeiro : Rocco, 2005.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Dia do folclore - 22 de Agosto.


O QUE É O FOLCLORE BRASILEIRO?

Os hábitos do povo, que foram conservados através do tempo.
Dia do Folclore 22 de agosto - Decreto no. 56747 de 17/08/1965.
Folclore é uma palavra de origem inglesa cujo significado é ''conhecimento popular''.
As manifestações da cultura de um povo, seja através de suas lendas da sua alimentação, do seu artesanato, das suas vestimentas e de muitos de seus hábitos originais e os enriqueceram com novos hábitos criados após a reunião.
O folclore é passado de pais para filhos, geração após geração.
As canções de ninar, as cantigas de roda, as brincadeiras e jogos e também os mitos e lendas que aprendemos quando criança é parte do folclore que nos ensinam em casa ou na escola.
Fazem parte do folclore os utensílios que o povo fabrica para o uso de ornamentação, como as cestas de vime, e os objetos de cerâmica, madeira e couro.
Os tecidos, a renda, os adornos de miçangas e penas, também existem ainda muitas outras atividades que fazem parte do folclore.
O folclore é o meio que o povo tem para compreender o mundo.
Utilizando a sua imaginação, o povo procura resolver os mistérios da natureza e entender as dificuldades da vida e seus próprios temores.
Conhecendo o folclore de um país podemos compreender o seu povo. E assim passamos, a saber, ao mesmo tempo, parte de sua História.
O folclore brasileiro é um dos mais ricos do mundo. Nele, estão as marcas dos diferentes povos que formaram nossa nação, principalmente o indígena, o africano e o europeu.
Imagine uma colcha de retalhos multicolorida com uma mistura de figuras geométricas, estampas e texturas. Assim é nossa herança cultural. Saci-pererê, feijoada, redes de dormir, chinelo de palha, fita do Nosso Senhor do Bonfim, brincadeira de esconde-esconde, bumba-meu-boi, samba, panelas de barro, ferradura atrás da porta, carnaval e futebol.
Conhecer, cultivar e estudar nossas tradições é uma forma de manter vivas as raízes nacionais. Veja aqui o que é folclore e conheça as principais tradições do nosso povo.
Popular ou folclórico? O folclore é popular, mas segundo grandes estudiosos do assunto – como Luís da Câmara Cascudo –, nem tudo o que é popular é folclórico. Para um costume ser considerado folclore é preciso ter origem anônima, ou seja, não se saber ao certo quem o criou. Deve ser aceito e praticado por um grande número de indivíduos. Também precisa resistir ao tempo e ser passado de geração em geração.
A transmissão? De boca em boca. Ao pé do fogo, na beira do fogão, nos encontros sociais, na missa, enfim, no dia-a-dia do nosso país.

ORIGEM DO FOLCLORE BRASILEIRO?

A palavra folclore vem do inglês folk lore. Folk quer dizer povo e lore, estudo, conhecimento. Portanto, folclore é o estudo dos costumes e tradições de um povo. Esse termo foi criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms (1803-1885), pesquisador da cultura popular européia. Em 22 de agosto de 1846, ele publicou um artigo com o título "Folk-lore", na revista The Athenaeum, propondo a criação do termo. Com isso, o dia 22 de agosto tornou-se data de referência do surgimento do termo folclore, que gradativamente foi incorporada a todas as línguas dos povos considerados civilizados.
William John Thoms utilizava o termo folk-lore para indicar o conjunto de antiguidades populares. O conceito dirigia-se principalmente aos objetos da arte popular, o artesanato. Mas em seu famoso artigo, Thoms citava também usos, costumes, cerimônias, crenças, romances, refrãos e superstições dos tempos antigos.

LENDAS E MITOS

O folclore brasileiro é rico em personagens mágicos. Esses seres que habitam o mundo dos mitos e lendas geralmente estão associados à natureza. Algumas dessas histórias chegaram aqui com os povos que colonizaram nossas terras, como os portugueses. Outras nasceram com os índios, súditos por excelência da mãe natureza. Há aquelas que são contadas há décadas e mais décadas sem que ninguém saiba ao certo como surgiram. Surgiram da necessidade que os povos tinham de explicar e justificar fatos e acontecimentos. Com características fantasiosas, impressionantes e surpreendentes, as lendas e os mitos foram o ponto de partida para os conhecimentos científicos. Conhecê-las é viajar pelo reino do folclore com o passaporte carimbado pela embaixada do sonho e da imaginação

MÚSICAS
Todas as culturas criaram formas musicais para acompanhar seus trabalhos, ritos e festas.
Os folcloristas acreditam que tais canções sejam fruto de criações individuais, mesmo que depois apresentem alterações introduzidas por seus usuários.
A música folclórica é geralmente monofônica (executada por uma só voz), embora em algumas partes do mundo sejam comuns as canções para duas ou mais vozes. Cumpre distinguir essa música folclórica da que se denomina popular ou ligeira, composta por profissionais para enormes platéias, e que é um fenômeno que data somente do século XIX.
Existe um grande número de cantigas e elas encantam jovens e idosos geração após geração.
ATIREI O PAU NO GATO
Atirei o pau no gato-to
Mas o gato-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-ca admirou-se-se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau!

A CANOA VIROU
A canoa virou,
Por deixá-la virar,
Foi por causa do(a) (nome de pessoa)Que não soube remar.
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar,Tirava o(a) (nome da pessoa)Do fundo do mar.
Como brincar: As crianças giram na roda cantando a primeira quadra, na qual é mencionado o nome de uma delas. Esta, deixando as mãos das colegas, faz meia volta, dá-lhes as mãos e, de costas para o centro da roda, continua a caminhar. Novamente é cantada a primeira quadra, sendo escolhida a criança que estiver à esquerda daquela que virou. Quando todas estiverem de costas para o centro da roda, passa a ser cantada a quadra seguinte e, uma a uma, as crianças voltam à posição inicial.

CAI, CAI, BALÃO
Cai, cai, balão!
Cai, cai, balão!
Na rua do sabão.
Não cai, não!
Não cai, não!
Não cai, não!
Cai aqui na minha mão!

O CRAVO BRIGOU COM A ROSA
O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.


FESTAS
As festas populares estão ligadas à religião e ao trabalho do povo.
A cultura brasileira recebeu a contribuição de diversos povos, o que levou nossas festas populares a terem identidade própria, pois resultaram da mistura de diferentes histórias e costumes.
Em junho, o Brasil ganha arraiais coloridos. Escolas, ruas, praças e clubes são decorados com bandeirinhas, barracas e fogueiras para as festas dedicadas a São João, Santo Antônio e São Pedro. É hora de dançar quadrilha, participar de jogos e brincadeiras. Muitas são as delícias para saborear: pipoca, pinhão, pé-de-moleque, canjica e paçoca de amendoim. Os mais corajosos enfrentam o pau-de-sebo, um tronco alto e escorregadio, difícil de subir. Quem quer namorar faz simpatias e pedidos para Santo Antônio, o santo casamenteiro.
A Folia de Reis é uma das várias comemorações de caráter religioso que se repetem há séculos em nosso país. Ela é realizada entre a época do Natal e o Dia de Reis, em 6 d e janeiro. Grupos de cantadores e músicos percorrem as ruas de pequenas cidades como Parati, no Rio de Janeiro, e Sabará, em Minas Gerais, entoando cânticos bíblicos que relembram a viagem dos três Reis Magos que foram a Belém dar boas-vindas ao Menino Jesus.De origem portuguesa e com características diferenciadas em cada região do Brasil, a Festa do Divino é composta de missas, novenas, procissões e shows com fogos de artifícios.
Em cidades do Maranhão, bonecos gigantes divertem as crianças, enquanto grupos de cantadores visitam as casas dos fiéis recolhendo ofertas e donativos para a grande festa de Pentecostes.
Em Piracicaba, interior de São Paulo, as comemorações ocorrem em julho, às margens do Rio Piracicaba, reunindo milhares de pessoas.
Em Belém do Pará acontece anualmente em outubro uma grande festa religiosa que chega a reunir cerca de 1 milhão de pessoas: o Círio de Nazaré. A multidão lota as ruas da cidade para acompanhar a procissão, que dura até cinco horas, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Os romeiros que vão pagar promessas pela cura de doenças, por exemplo, andam descalços e seguram a corda de isolamento que protege a santa. No final, os participantes vestem roupas novas e se alimentam dos pratos típicos da região, como o pato no tucupi, o tacacá e o arroz com pequi. Conheça agora algumas das nossas festas populares:

MARACATU
O maracatu nasceu entre os negros de Recife, da mistura do culto católico à Nossa Senhora com a devoção aos orixás das religiões africanas.Atualmente, muitas das características sagradas e religiosas do folguedo desapareceram, e o maracatu é representado principalmente durante o carnaval.A rainha Ginga tem nas mãos uma ou duas bonecas, chamadas calungas, que detêm os segredos e mistérios da festa. No carnaval, o maracatu desfila com a rainha e as damas de honra, que são acompanhadas pelo rei, chamado Dom Henrique, por seus cavaleiros e pelo rei Tupi.

CARNAVAL
O carnaval é a maior festa popular do Brasil. Adultos e crianças caem na folia, com fantasias e máscaras, nos dias dedicados à diversão e às brincadeiras. O feriado oficial é na terça-feira que antecede a Quarta-Feira de Cinzas.Em Portugal, ele foi chamado de “entrudo”, pois ocorria antes da entrada na Quaresma.Personagens característicos e tradicionais do carnaval:
MOMO Segundo a mitologia greco-romana, Momo era o filho do sono e da noite e sua função era cuidar das ações dos deuses e dos homens.De acordo com a história da Arte, era o ator que representava nas peças populares do teatro. Originou-se dos bobos encarregados de divertir os senhores portugueses com mímicas e farsas populares.
ARLEQUIM Personagem da antiga comédia italiana, que tinha a função de divertir o público com piadas nos intervalos das apresentações. Amante de Colombina
COLOMBINA Companheira de Pierrô. Namoradeira, alegre, bela, esperta. Vestia-se de seda ou cetim branco e usava saia curta e bonezinho.
PIERRÔ Usava calça e casaco bem largos, este de grande gola franzida e enfeitado com pompons. Pierrô é o personagem ingênuo e sentimental do carnaval.

FESTAS JUNINAS
As festas juninas são comemoradas no mês de junho e são feitas em homenagem a três santos da Igreja Católica:
Santo Antônio — 13 de junho São João — 24 de junho São Pedro — 29 de junhoParece que a tradição de fazer grandes festas no mês de junho existe desde a época em que nossos antepassados deixaram de viver apenas como caçadores e passaram a se dedicar à agricultura.Na Europa, depois de um inverno sempre longo, os primeiros sinais do verão e da volta do calor aparecem no mês de junho e, nessa época, começaram a ser feitas enormes festas, com grandes fogueiras, muita comida, bebida, cantos e danças, para agradecer aos céus pela chegada do verão e para pedir uma boa colheita.Com o tempo, essas festas começaram a ter padroeiros e, finalmente, incorporaram os santos da Igreja Católica. A tradição de homenagear os santos católicos em grandes festas foi trazida ao Brasil pelos portugueses e, depois, por outros imigrantes, principalmente os italianos.
Santo Antônio - 13 de junhoSanto Antônio, que se chamava Fernando de Bulhões antes de se tornar membro da Ordem de São Francisco, nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e morreu perto da cidade italiana de Pádua em 13 de junho de 1231.No Brasil, é um dos santos mais populares e considerado o “santo casamenteiro”, além de ser o padroeiro de quase 230 cidades.
São João - 24 de junho São João Batista recebeu esse nome porque batizava as pessoas no Rio Jordão, poucos anos antes do ano zero da Era Cristã. Foi ele que, segundo a tradição católica relatada na Bíblia, batizou Jesus, cuja chegada ele profetizava com paixão. No ano de 28, a sua cabeça foi cortada e servida numa bandeja a Salomé, que havia pedido isso ao ditador Herodes.Existe uma tradição popular que diz que São João passa o dia inteiro de sua — festa 24 de junho — dormindo e, se acordasse, não resistiria ao clarão das fogueiras e desceria do céu para festejar também, o que provocaria a destruição do mundo pelo fogo.
São Pedro - 29 de junho São Pedro foi o apóstolo a quem Jesus entregou as chaves do reino dos céus e o escolhido para construir a Igreja Cristã. Seu nome era Simão e ele recebeu de Jesus o nome Pedro, que significa "rocha". Embora não se saiba com certeza, é provável que ele tenha morrido crucificado em Roma, na época do imperador Nero, por volta do ano 64.Em 1950, o túmulo de São Pedro foi encontrado embaixo da enorme basílica que leva seu nome, no Vaticano.
MAIS FESTAS POPULARES:

Lavagem do Bonfim
Fandango
Torém
Cavalhada
Pau-da-Bandeira
Congada
Círio de Nazaré
Festa do Divino
Candomblé

Capoeira
(Fonte: http://amigasdaedu.blogspot.com/2009/07/dia-do-folclore-22-de-agosto.html
Folclore Brasileiro = http://o2o2.vilabol.uol.com.br/O que é o folclore, Origem do folclore, Festas folclóricas, Músicas folclóricas, Lendas, Mitos, Festas populares, Folclore Brasileiro, Folclore, Tradições folcloricas.)

FOLCLORE


BUMBA-MEU-BOI

Foi há muito tempo que tudo aconteceu. Havia um fazendeiro muito poderoso e malvado como não sei o quê. Era dono de seringais que se estendiam a perder de vista. Ali trabalhavam vários empregados, entre eles um caboclo idoso chamado Pai Francisco, cuja mulher estava grávida. Um dia, a sua esposa, uma tal de Catirina, virou-se pro marido e falou:
- Francisco, tô com desejo de comer língua de boi.
-Você ficou louca? - reagiu ele.- Desde quando que gente pobre igual a nós pode comer carne? Já esqueceu que o gado pertence ao patrão?
A mulher era teimosa e insistiu:
- Eu tenho uma idéia. Você não precisa matar o boi. Basta cortar a língua dele e pronto. Ninguém vai desconfiar.
Pai Francisco, preocupado com a saúde da criança que em breve iria nascer, fez a vontade de Catirina.
No mesmo dia, ao anoitecer, aproveitando-se da escuridão, rastejou até o curral, tomando cuidado para não despertar os vaqueiros que vigiavam os animais. Laçou o boi mais gordo e levou-o para o interior da mata.
Com um golpe de facão, decepou a língua do bichão e deixou-o amarrado num tronco de árvore. Feliz da vida, correu até o seu casebre com o naco de carne sangrento nas mãos.
Naquela noite, Catirina comeu tanto que sua barriga parecia que ia estourar.
Na manhã seguinte, Pai Francisco voltou ao lugar onde tinha deixado o boi. Para seu desespero, o bicho não resistira ao ferimento e estava moribundo, estrebuchando ao pé da árvore.
- E agora, meu Deus? - lamentou-se.
Enquanto isso, na fazenda, o patrão já tinha dado falta do seu boi de estimação. Preocupado e já demonstrando irritação, mandou chamar o capitão-do-mato e ordenou-lhe:
- Pegue os índios e trate de achar o animal.
Naquela época era comum haver índios a serviço dos brancos, pois não havia rastreadores melhores do que eles. Batizados, viviam como agregados nas fazendas, depois de terem sido obrigados a renunciar a seus deuses e costumes.
Os índios em pouco tempo, acabaram descobrindo as pegadas deixadas no solo recoberto de folhas, guiando o caçador de fugitivos até o local aonde o boi havia sido levado. Chegaram a tempo ainda de encontrar Pai Francisco, todo descabelado, na maior angústia, tentando reanimar o bicho.
O capitão-do-mato, ao ver o touro agonizando no chão, mandou buscar o doutor. O médico, um tremendo charlatão que vivia na sombra e água fresca às custas do patrão, veio correndo com a sua maletinha debaixo do braço.
O doutorzinho, após fingir examinar o bicho, diagnosticou:
- Esse não tem mais jeito.
Até o vigário, outro espertalhão, foi convocado às pressas para ver se curava o boi. O padre, que de religioso não tinha nada, benzeu sem muita convicção o animal moribundo.
Mas depois de várias tentativas acabou desistindo também:
- Não posso fazer milagres – desculpou-se, na hora em que o bicho dava o último suspiro.
Pai Francisco, coitado, foi amarrado e levado a presença do fazendeiro, seguido pelos índios que carregavam o touro, já duro que nem uma pedra.
O caboclo, cabisbaixo e morrendo de medo, confessou a sua culpa.
- Foi tudo por causa da minha mulher. Ela está grávida e queria comer língua de boi. Mas eu não tinha intenção de matar ele não – soluçou, pedindo perdão.
O fazendeiro não era homem de ter misericórdia de ninguém. Nem os apelos da sinhazinha, a sua filha que estudava na cidade grande, o fizeram mudar de opinião.
- Amarrem esse desgraçado no tronco – sentenciou.- Arranquem o couro dele a chibatadas e depois expulsem ele e a mulher pra longe de minhas terras.
As ordens foram cumpridas imediatamente. Pai Francisco apanhou de fazer dó. Seus gemidos ecoaram pelas copas das árvores ante a indiferença do patrão, do médico e do padre.
Logo após o terrível castigo, o velho,com as costas todas lanhadas pelo chicote do capataz, arrumou a sua trouxa e partiu cambaleante, com a mulher barriguda, mata adentro.
No meio do caminho o casal de retirantes encontrou um pajé. Nem todos os indígenas se sujeitavam ou se convertiam à religião dos brancos. A maioria, guerreiros valentes, os verdadeiros donos da terra, habitava o coração da gigantesca floresta.
O índio com o peito coberto de colares e amuletos, que surgiu como num passe de mágica à frente de Francisco e Catirina, era um curandeiro, conhecedor dos segredos e plantas da imensa mata. Desde muito jovem aprendera os mistérios da magia passados de geração a geração por homens velhos e sábios. A arte de curar também lhe havia sido transmitida por seus ancestrais e de suas conversas com as divindades no alto da montanha sagrada.
Graças às ervas medicinais que o pajé trazia numa bolsa de palha, as feridas das costas do caboclo cicatrizaram milagrosamente.
Ao entardecer, os empregados da fazenda se assustaram ao verem Pai Francisco e a mulher retornando ao lugar de onde haviam sido expulsos, acompanhados pelo pajé.
- Chamem o boi – disse o curandeiro.
Diante de olhares atônitos, o índio se ajoelhou ao lado do corpo do animal, que ainda não havia sido esquartejado, e expirou várias vezes sobre ele. Para espanto de todos, o bicho sacudiu-se todo, abanou as orelhas e a calda, e num pulo só, ficou de pé.
Ao ver o touro ressuscitado, o patrão perdoou o homem e a esposa e os readmitiu na fazenda.
- É por isso que todos os anos, em vários lugares do Brasil, se faz uma festa pra comemorar a ressurreição do boi.


(Trecho retirado do livro: BARBOSA, Rogério Andrade. Viva o meu boi-bumbá. Rio de Janeiro : Agir, 1996. Pag. 12-22
Related Posts with Thumbnails

Histórias para ler e viajar pelo imaginário

- O que significa trabalhar em equipe?
- A princesa e a ervilha

O que significa trabalho em equipe?

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote.
Pensou logo no tipo de comida que poderia haver ali.
Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado.
Correu ao curral da fazenda advertindo a todos:
- Há uma ratoeira na casa! Há uma ratoeira na casa!
A galinha disse:
- Desculpe-me Senhor Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi então até o porco e lhe disse:
- Senhor Porco, há uma ratoeira na casa, uma ratoeira...
O porco disse:
- Desculpe-me Senhor Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar.
Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.
O rato dirigiu-se então à vaca.
A vaca lhe disse:
- O que Senhor Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo?
- Acho que não Senhora Vaca... Respondeu o rato.
Então o rato voltou para seu canto, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro sozinho.
Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima.
A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego.No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa.
E a cobra picou a mulher.
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital era grave, porém por um milagre se recuperou e voltou para casa, mas com muitos cuidados.
Saúde abalada nada melhor que uma canja de galinha.
O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal, a galinha.
Como a doença da mulher continuava, os parentes, amigos e vizinhos vieram visitá-la.
Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.
A mulher se recuperou e o fazendeiro feliz da vida resolveu dar uma festa, matou a vaca para o churrasco...
MORAL DA HISTÓRIA:
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando existir uma ratoeira todos correm risco.
(Fonte: catequistasheila)